Em breve o Porto vai ter um novo Centro de Neuropsiquiatria e Saúde Mental. Um projeto que teve em consideração o impacto dos espaços sobre os pacientes, privilegiando a luz natural, o conforto e um ambiente tranquilo, sem descuidar a sua segurança, privacidade e dignidade.
Falemos sobre a história, características e serviços oferecidos pela CSSC.
A CSSC – Casa de Saúde de Santa Catarina, desenvolve a sua atividade desde 1932. O seu público-alvo são as pessoas portadoras de patologia do foro neuropsiquiátrico, em qualquer faixa etária. Na CSSC o acompanhamento é feito por uma equipa multidisciplinar de referência nesta área, onde se integram vários saberes, nomeadamente a psiquiatria, pedopsiquiatria, psicologia, enfermagem de especialidade, neurologia, Medicina Geral e Familiar, terapia ocupacional, entre outros. E em diferentes enquadramentos, nomeadamente consulta de especialidade e sub-especialidade, internamento e Hospital de dia / Centro de reabilitação psicossocial, também aqui focando nas diferentes faixas etárias.
No âmbito da sua consulta a atuação inclui a avaliação, diagnóstico e definição de estratégias terapêuticas para situações de perturbação mental e também intervenções ao nível da promoção da saúde mental e prevenção da doença. Relativamente ao internamento, a CSSC dispõe do segmento de pacientes residentes e o segmento dos agudos. No segmento residente (com ocupação de média e longa duração), predomina a patologia neurodegenerativa (demências) em pacientes usualmente idosos. No segmento agudo (curta duração) inclui o tratamento de qualquer patologia psiquiátrica aguda, em qualquer idade.
Está previsto para a nova CSSC estruturar as iniciativas que sempre se realizaram ao nível da investigação e formação, criando um “Departamento de formação e investigação”, com diferentes ligações à academia, instituições de formação, quer a nível nacional ou internacional. Destaca-se o investimento previsto na realidade virtual, nomeadamente na área da ansiedade/fobias e na remediação neurocognitiva, nas demências. Bem como o novo departamento de neuromodelação, incluindo o neurofeedback, biofeedback e a estimulação magnética transcraniana, que complementarão a ação da já existente eletroconvulsivoterapia
Qual a importância e impacto do novo projecto que a IOL Saude está a desenvolver especificamente para CSSC?
A CSSC tem estado condicionada pela sua estrutura física. As limitações de espaço não permitem expandir os serviços, ou criar novos que respondam aos desafios atuais e permitam o constante alinhamento com as melhores práticas e conhecimento científico. É uma bonita casa de época, rodeada de um jardim magnífico, mas não deixa de ser uma arquitetura que não se adequa às exigências e necessidades do presente e do futuro.
O novo projeto que a IOL está a desenvolver permite ultrapassar estes obstáculos e, acima de tudo, permite que a elevada qualidade de cuidados de saúde mental que caracterizam o projeto clínico da CSSC estejam alinhados com idênticos parâmetros de excelência ao nível da estrutura onde são prestados.
Quais os benefícios da integração de espaços ao ar livre em clínicas psiquiátricas?
A preocupação com a integração de espaços ao ar livre para o tratamento de problemas psiquiátricos não é de agora. Aliás disso é exemplo o Hospital Conde de Ferreira, inaugurado em 1883, e que foi construído numa ampla quinta, com indicação de cada enfermaria ter acesso a um amplo jardim. É hoje inegável os benefícios da ligação à natureza, ao ar puro, para a saúde. Aliás, a “Teoria da Biofilia” defende que a relação com a natureza é fundamental para o bem-estar e a saúde física e mental dos seres humanos.
A nova CSSC procura beneficiar de todo o conhecimento que tem sido produzido nesta área, não só para benefício de pacientes, como de colaboradores e familiares. Serão zonas privilegiadas para a realização de uma série de atividade ocupacionais e de reabilitação, como a atividade física, a jardinagem e leitura. E são, igualmente, um espaço acolhedor para receber visitas de amigos e familiares, ou para pausas na atividade dos colaboradores.
Quais são os principais elementos arquitectónicos que podem contribuir para a criação de um óptimo ambiente terapêutico, para a CSSC?
Para além dos espaços verdes, anteriormente referidos, é importante considerar aspetos como as cores, texturas, dimensões, materiais, vistas, entre outros, para que os espaços interiores sejam igualmente promotores da recuperação e do bem-estar, e ajustados ás diferentes atividades / intervenções a que se destinam. Na área a que a CSSC se dedica, é essencial garantir a segurança dos pacientes, com uma série de medidas diferenciadoras, nomeadamente as janelas terem limite de abertura, garantir o controlo de acessos seguros e eficazes, entre outras.
Quais os principiais desafios que devem ser acautelados na arquitetura
Conseguir transformar um ambiente hospitalar, frio e impessoal, num ambiente familiar, quente e acolhedor. E conseguir isso sem descorar as necessidade médicas e a segurança dos pacientes, ou seja, sem comprometer a eficácia das intervenções. É também importante conseguir-se dentro da mesma estrutura, ambientes e circuitos com alguma diferenciação e autonomia, que permitam desenvolver ações mais específicas. Também por isso todos os pisos da nova CSSC têm uma sala de estar e de jantar, para além de todos os serviços comuns partilhados no piso térreo.
Este é um equipamento inovador, e aglutinador de varias valências nesta área da saúde em Portugal, em que medida poderá contribuir para que o nosso pais esteja na vanguarda das melhores praticas nacionais e internacionais.
A CSSC desde há 91 anos que é um projeto inovador. O que se pretende não é mais do que honrar este legado e dar-lhe uma nova dimensão com as condições que a nova estrutura permite. Tendo à disposição uma estrutura que permite que os serviços estejam alinhados aos desafios atuais e que vão surgindo, e a garantia de uma equipa técnica de excelência, estão criadas as condições para nos posicionarmos na vanguarda das melhores práticas nacionais e internacionais, fazendo o nosso próprio caminho, tal como já acontece desde 1932.